terça-feira, 20 de outubro de 2009

sob o signo da intuição


Jung compara os pressentimentos a uma bússola interior – uma função psíquica que utiliza os cinco sentidos para produzir novas conclusões que não dependem da realidade concreta


por Silvia Graubart



NANETE HOOSLANG/PHOTODISC/GETTY IMAGES



Às vezes nos perguntamos se vale a pena dar ouvidos à voz interior que, como um alarme, pode sugerir algo inusitado ou mudanças de rumo em nossas vidas. Ou podemos acreditar que o apelo – vindo sabe-se lá de onde – não passa de cisma. O fato é que o modo como reagimos a esses “avisos” pode fazer toda a diferença em nosso cotidiano. E não são poucos os relatos a respeito.Você provavelmente deve se lembrar dos comentários, logo após o terrível acidente que matou Airton Senna (1960-1994), em 1o de maio de 1994, em Ímola, na Itália. Quem compartilhava sua intimidade chegou a dizer que na noite anterior à fatídica corrida o piloto estava inquieto, arredio, como que prevendo algo que não soubesse explicar. O mesmo insight aconteceu com um dos integrantes da banda Mamonas Assassinas, o vocalista Dinho, que num vídeo amador deixou gravado seu mau presságio em relação àquela viagem, 2 de março de 1996, sem entretanto, dar a devida importância à sua percepção. As consequências dessas atitudes todos nós conhecemos.

Também já passei por várias experiências semelhantes, e a mais marcante aconteceu anos atrás, numa viagem. Eu e uma amiga havíamos planejado férias de um mês, mas duas semanas depois de nossa partida tive uma noite péssima: sonhos terríveis me acordavam praticamente de hora em hora, como que impondo a decisão de antecipar minha volta para dali a dois dias. Foi o tempo necessário para despedir-me de minha irmã, que morreu exatamente na manhã seguinte ao meu desembarque em São Paulo.

Tanto o senso comum quanto pesquisadores poderiam atribuir à minha percepção o rótulo de premonição, bruxaria. Mas é certo que algum atributo do nosso aparelho psíquico tem essa fantástica habilidade de enviar mensagens, que cada pessoa interpreta à sua maneira. É assim que a intuição age: segundos preciosos carregados de significado, e isso tanto para a vida afetiva quanto nas atividades profissionais. Todos nós temos a capacidade de registrar e compreender ou excluir essa linguagem de nossa vida. Chamada popularmente de sexto sentido, ela não é um predicado restrito às mulheres, embora muitos afirmem que nós somos mais intuitivas que os homens. Entretanto, há quem tenha maior ou menor facilidade para lidar com essa habilidade e desenvolvê-la que aparece nas mais variadas manifestações do nosso psiquismo: nos sonhos, nas sensações corporais, nos insights e nos atos criativos. Dizem que os gênios da música Ludwig van Beethoven (1770-1827) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) atribuíram à intuição suas maiores realizações.

revista mente cérebro

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