terça-feira, 20 de outubro de 2009



Jung compara os pressentimentos a uma bússola interior – uma função psíquica que utiliza os cinco sentidos para produzir novas conclusões que não dependem da realidade concreta
por Silvia Graubart


© RICHARD VILLALON/ FOTOLIA

HABILIDADE INTUITIVA é característica tanto de pessoas que trabalham com terapias alternativas e predições, quanto de empresários sagazes e empreendedores criativos

[continuação]


Segundo a psicóloga Marie-Louize von Franz (1915-1998), no livro A tipologia de Jung (1967), para a intuição “funcionar”, as coisas precisam ser olhadas de longe, ou de modo vago. Só assim é possível captar esse pressentimento vindo do inconsciente, porque quando o foco está voltado para os fatos da realidade exterior essa qualidade quase mágica não tem espaço para se manifestar.


É por isso que os intuitivos quase sempre são imprecisos e vagos... Pessoas “visionárias”, no bom sentido, cujas habilidades ganham um papel indispensável no mundo competitivo. Tanto que, atualmente, as empresas valorizam um novo perfil de profissional: indivíduos com aptidão para identificar tendências sem precedentes e com boa noção intuitiva para extrair tendências coerentes de dados conflitantes; que tenham capacidade para pensar além dos limites convencionais; dotadas de habilidade para influenciar atitudes e opiniões, além de disponibilidade para abraçar as incertezas.


É o que Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers – criadoras do Myers Briggs Type Indicator (indicador de tipos Myers Briggs)–, com base na tipologia junguiana, propõem como solução para o sucesso empresarial: a busca de profissionais capazes de descobrir novas formas de fazer as coisas, equilibrando um planejamento calculado com ações intuitivas.


Ao emprestar do matemático Arquimedes de Siracusa (287-212 a.C.), a expressão “Eureca!”, o jornalista Nelson Blecher definiu com precisão o que a intuição significa para o mundo dos negócios. Em um artigo publicado em outubro de 1997, na revista Exame, ele apresenta inúmeros motivos para sua crescente valorização, entre eles a imprevisibilidade dos consumidores, a aceleração das mudanças econômicas e tecnológicas, que tornaram as coisas extremamente complexas, a exigência de soluções adequadas aos novos esquemas de produção e fontes de suprimentos. E se para essa habilidade inata do ser humano só existe um freio – aquele que nós mesmos colocamos –, a atitude fielmente junguiana para deixá-la seguir seu curso ou facilitar sua emersão da profundidade do inconsciente é um mergulho no autoconhecimento: um processo capaz de tirar da escuridão essa habilidade, ainda hoje, frequentemente menosprezada.


Revista Mente Cérebro

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