segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A construção da felicidade 4

A proposta é juntar no cesto as “idéias auxiliares” – quanto mais, melhor. Além disso, é interessante buscar apoio com o maior número possível de grupos sociais diferentes. A pessoa pode pedir opinião não apenas aos colegas mais queridos, mas também a pessoas que exercem atividades bem diversas, como, por exemplo, a professora de seu filho, o pedreiro da casa vizinha – ou até à sua filha de 14 anos. Se não quiser expor detalhes da própria vida, é possível apresentar o caso como uma situação hipotética. Esses cérebros acostumados a lidar com outras áreas de conhecimento, que memorizaram experiências vividas em contextos muito diferentes, produzem freqüentemente soluções mais surpreendentes e prestativas do que as de nossos pares que, em geral, tendem a pensar de forma muito parecida conosco. Alguns se surpreendem com o número (e principalmente com a diversidade) de sugestões que surgem. O próximo passo é escolher entre as opções as ações que mais eficientemente possam reduzir o afeto negativo. Então a pessoa terá opções suficientes para o próximo golpe surpresa de X. Uma possibilidade de lidar com a situação é propor que as novas informações sejam incluídas apenas na próxima reunião e sugerir que, em vez delas, se discuta qual o prazo máximo para que os dados da reunião sejam informados antecipadamente. Outro caminho é preparar os próprios dados e, se necessário, sacá-los rapidamente do bolso. É admissível também enviar um e-mail para X (com cópia para todos os outros participantes) dois dias antes da reunião, solicitando que apresente todos os seus documentos antecipadamente. Cabe, ainda, ter em mente que às vezes simplesmente não vale a pena irritar-se. E, para evitar isso, o melhor é se distanciar internamente e relaxar – seja respirando fundo ou imaginando X de cueca de bolinhas cor-de-rosa, com um focinho de porco, uma pequena molecagem que pode ajudar a pessoa a se preservar e evitar atitudes das quais pode se arrepender depois. Apesar de, sabidamente, ser muito difícil transformar um afeto extremamente negativo em positivo, reduzir o bloqueio mental de 95 para 50 no próximo ataque de X, ou mesmo conseguir olhar para o odiado diagrama de forma relativamente tranqüila, já representa uma boa melhora.

SÓ PRARA SE AGRADARE

a felicidade habitual, de longo prazo? Esta se manifesta como satisfação com a vida, em seus variados aspectos (relacionamento afetivo e familiar, amizades, segurança financeira, relações sociais organizadas, vida profissional, uso do tempo de lazer etc.), e depende muito do que é considerado importante para cada pessoa. O sucesso em algum desses aspectos (ou em vários deles), entretanto, não é, por si só, garantia de felicidade. Muitas pessoas vivem o “dilema da insatisfação”: simplesmente não se sentem felizes, apesar de terem boas condições de vida. Nesses casos, o desconforto costuma ter causas mais profundas e, em geral, só um processo psicoterapêutico pode ajudar a pessoa a compreender o que se passa.


PARA CONHECER MAIS
Você é feliz. Michael Wiederman, em Mente&Cérebro, nº 174, págs. 34-41, julho de 2007.
A liquidez de um enigma. Maria Auxiliadora de A. Cunha Arantes, em Mente&Cérebro, nº 174, págs. 42-49, julho de 2007.
Revista Mente Cérebro

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