quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cada um no seu próprio ritmo 2

Por Alessandro Vieira dos Reis

Diferentemente da didática tradicional, presente nas escolas desde a Idade Média, a Pedagogia Comportamental parte de pressupostos de que todos podem aprender e, se o aluno não aprende, é porque não foi corretamente ensinado. Para um behaviorista radical, o sucesso da educação está em achar um método apropriado para cada aprendiz, descobrir reforçadores eficazes, um ambiente propício, procedimentos mais afins com o histórico e repertório de cada um.

A premissa de que todos podem aprender pode ser traduzida no célebre ditado popular: "não existe mau aluno, existe mau professor". Ou, para ser mais cientificamente preciso, uma vez que o professor também é determinado pelo ambiente de ensino, "não existe mau aluno, existe mau ensino"
.
Outro ponto fundamental, eternamente presente em discussões pedagógicas, é se a diretividade é inevitável. Entende-se que todo ensino ocorre mediante um programa de objetivos, o que envolve, por exemplo, "comportamentos-alvo" que devem constar no repertório do aluno ao final do processo. Admitese que o professor possui um repertório de comportamentos maior e mais organizado que o do aluno e, por isso, tem condições de "orientar o pequeno" (tradução literal da palavra Pedagogia, do grego).

"Educar não é encher a cabeça das pessoas. Educar, para um behaviorista radical, é transformar pessoas e também o mundo"




Na escola

É certo que o comportamento do aluno em sala de aula mudou muito nas últimas décadas, mas entender o que move esse aluno e fazê-lo compreender seu contexto social ainda são tarefas atualíssimas do professor. Escritores da liberdade conta a história de uma professora de literatura que sugere aos seus alunos, todos com histórias de vida violentas, que façam diários e, por meio desse exercício, descobrem o poder da tolerância, recuperam suas vidas desfeitas e mudam seu pequeno mundo.

A diretividade, contudo, não pressupõe falta de interatividade. Deve-se ensinar mediante diretivas, mas conforme o que é reforçador para o aluno. Descobrir o que é reforçador para cada aluno - isto é, o que os motiva - é parte fundamental do ensino segundo a Análise do Comportamento.O professor eficaz é o que faz perguntas do tipo: o que você gosta de aprender? Como se sentiu naquela aula? Quais seus interesses para o futuro? Você está satisfeito com os rumos de sua educação?


Pessoas não aprendem como computadores, até porque computadores não aprendem: eles são alimentados com dados estruturados

Modelos comportamentais de ensino



Alguém que aprende a andar de bicicleta não é um autômato. É um indivíduo modificado de maneira única para o resto de sua vida

O método de ensino escolar desenvolvido por Skinner ficou conhecido como Instrução Programada. Fazendo uso das "máquinas de ensinar", bem como de outros procedimentos, Skinner concluiu que a melhor forma de educar não era a Tradicional, pela qual o professor era um transmissor de informações que deveriam preencher a mente de seus alunos.

A Instrução Programada apresenta algumas características, como respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno; oferecer a avaliação como forma de ensino e orientação, não como seleção por notas; tornar o aluno gerenciador de seu próprio aprendizado, uma vez que ele regula o programa mediante seus interesses e limites; enfatizar que toda aprendizagem deve gerar habilidades demonstráveis no contexto real, onde o aluno operacionaliza saberes sobre o mundo. Um exemplo disso seria a aprendizagem efetiva da língua e não apenas decorar o vocabulário. (Mais tarde a Instrução Programada serviu de ponto de partida para o desenvolvimento do Personalized Struction System (PSI); e do método Precision Teaching, por Ogden Lindsley).

O fato é que métodos e modelos de ensino baseados na Análise Experimental do Comportamental são hoje desenvolvidos em diversas universidades e centros de pesquisa. Esses métodos influenciam, mesmo sem receber os créditos, pensadores de diversas áreas.

O fato é que métodos e modelos de ensino baseados na Análise Experimental do Comportamental são hoje desenvolvidos em diversas universidades e centros de pesquisa. Esses métodos influenciam, mesmo sem receber os créditos, pensadores de diversas áreas.

Modelo de ensino behaviorista

O livro Análise do comportamento humano, de Ellen Reese (Livraria José Olympo, 1976), apresenta um interessante modelo de ensino baseado na Análise do Comportamento. Segundo Reese, esse modelo pode ser roteirizado da seguinte maneira:


Especificar para o aluno o comportamento-alvo a ser aprendido.


Checar o que o aluno já sabe sobre o tema, para partir de seu repertório presente para que ele chegue ao comportamentoalvo.


Habituá-lo, previamente, com termos, conceitos e instrumentos que usará no processo.


Criar um ambiente favorável (o que envolve desde aspectos físicos até sociais e emocionais da situação de ensino).


Criar um sistema motivacional. Ou seja, descobrir o que é reforçador para o aluno e oferecer isso, mediante algum esquema de reforço.


Dar o exemplo dos comportamentosalvo executando-os (procedimento de modelação). Em seguida, deixar o aluno agir por conta própria, apenas dando instruções em tempo real para aperfeiçoar seu desempenho (procedimento de modelagem).


Manter registros ricos de todo o processo: fotos, diários, filmes, desenhos, etc., para demonstrar objetivamente o progresso do aluno.

Revista Psique

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