Na década de 1980, já no declínio da ditadura militar, em São Paulo, a Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo - ASESP em um movimento em prol do retorno da disciplina de Sociologia no antigo 2º grau, em parceria com um órgão da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, a Coordenadoria de Ensino Pedagógico, [CENP] foi construída uma proposta curricular (diretrizes e normas, metodologia e bibliografia de ensino de Sociologia) para as escolas de 2º grau paulistas. Em 1984, vários comícios são realizados em todo País em favor das eleições diretas. O movimento ficou conhecido como Diretas Já.
Depois do reconhecimento da profissão em 1980 e da regulamentação por Decreto em 1984, muitas entidades sindicais foram fundadas nos Estados, propiciando o aparecimento do Sindicato de Sociólogos, até então uma novidade para estes profissionais das Ciências Sociais
Às vésperas do comício do Vale do Anhangabaú, uma passeatacom mais de 500 sociólogos saiu da antiga sede da ASESP e do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo, então na Rua Augusta, e dirigiu-se ao local do comício, tendo à frente Vinícius Caldeira Brant, pesquisador do CEBRAP, presidente à época do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo e ex-presidente da UNE, e que foi professor da UFMG. Seus estudos sobre movimentos sociais e relações de trabalho contribuíram para a evolução da sociologia brasileira.
Em 1986, por reivindicação da ASESP e do Sinsesp, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo realiza concurso público para provimento de cargos de professor em diversas disciplinas e abre vagas para a disciplina de Sociologia, privativa dos sociólogos. Cerca de 1.500 sociólogos se inscrevem e 450 foram considerados aprovados. Em 1991 é motivo de inúmeras congratulações e júbilo a escolha do tema do VI Congresso dos Sociólogos do Estado de São Paulo - "Participação: Realidade e Mito.
Um Olhar sobre a Utopia", tendo em vista os impasses políticoeconômicos da vida brasileira e a necessidade de se refletir sobre a participação de todas as camadas da população no esforço nacional de superação da crise. Sobre o tema, o professor Florestan Fernandes, sociólogo, respeitado intelectual dentro e fora do Brasil, expressou: "(...) Os sociólogos entendem a utopia como a 'negação da ordem existente'.
Não se trata de uma perspectiva irrealista e romântica de descobrir os requisitos de uma 'sociedade perfeita'. Porém de definir tensões e contradições que possam concorrer para a reprodução da ordem existente. Em termos concretos, é a situação histórica em que se debate o Brasil. Por isso, encontro-me compensado pela temática desta convenção. Ela repõe os sociólogos no campo da luta econômica, social e política (...)"
Na literatura sociológica, algumas referências marcantes sobre a ASESP são encontradas em diferentes autores, teses e pesquisas, como "O mercado de trabalho dos cientistas sociais" (Bonelli, 1994); "Sociólogos & Sociologia", "História das suas entidades no Brasil e no mundo", (Mattos & Carvalho, 2005), dentre outras. Desde 2003, lamentavelmente, a ASESP encontra-se desativada, apesar de sua significativa contribuição e legado para a democracia e a sociologia, em diferentes momentos pelos quais passou o associativismo científico e profissional dos sociólogos brasileiro.
Ex-presidentes da ASESP, na sessão solene em comemoração aos 30 anos da Associação, em 2001. Da esquerda para a direita: Sedi Hirano, Carmen Junqueira, Nancy Valadares, Francisco de Oliveira, Antonio Gonçalves, Paulo Edgar A. Resende, Levi Bucalem Ferrari
Na mídia
Vários jornais destacaram a fundação da Associação dos Sociólogos do Estado de São Paulo como um marco histórico e passo decisivo no reconhecimento da profissão. Esta caracterização e repercussão da fundação da ASESP aparece, entre outros, em "Sociólogos fundam Associação Diário Popular, 10/8/71", "Fundação da Associação dos Sociólogos de SP Folha de São Paulo, 8/8/71", "Associação de Sociólogos elege primeira diretoria Folha de São Paulo, 11/8/77", "Sociólogos fundam sua Associação Folha da Tarde, 12/8/71", "Sociólogos de SP, já têm a sua associação" Diário Popular, 12/8/71", "Sociólogos fundam Associação Ultima Hora, 12/8/71", "Sociólogos fundam associação O Globo,11/10/71".
ReferênciasBONELLI, Maria da Gloria. "O mercado de trabalho dos cientistas sociais". In Revista Brasileira de Ciências Sociais, no. 25, ano 9, junho de 1994, págs. 110-126 CARVALHO, Lejeune Mato Grosso X.& MATTOS, Sergio Sanandaj. Sociólogos & Sociologia. História das suas entidades no Brasil e no mundo. Vol. I, São Paulo: Editora Anita Garibaldi, 2005. C ARVALHO, Lejeune Mato Grosso & MATTOS, Sérgio S., "Sociólogos e Sociologia: Breve Cronologia da Historia da Ciência, da Organização Estadual e Nacional e da Profissionalização no Brasil", Caderno da Federação Nacional dos Sociólogos, n. 1, março, São Paulo: 1997, 19 p.; MATTOS, Sérgio Sanandaj, Considerações Sobre a Formação Histórica da Asesp e a Profissionalização do Sociólogo, São Paulo: Asesp, 1993, 30 p.